o som do violão sete cordas
do chocalho e do violino
o ritmo do sertão
me guiam para perto de você
busco nesses sons
reviver lembranças
e sentir os olhares
outrora intensos e grandes
de querer-te conhecer
ando a espera de encontrar
em matas distantes, em ilhas perenes
folhas para extrair o perfume de seu cheiro
para guarda-lo em um pingente
próximo ao meu coração
nado num mar sob uma muralha de plantas
peço a Iemanjá que feche meus olhos
para que nademos juntos outra vez
ao sol do nascer de um novo dia
Tuesday, December 16, 2014
Monday, November 24, 2014
Elegia 1938 (Poema da obra Sentimento do mundo), de Carlos Drummond de Andrade
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
Thursday, November 20, 2014
em campo
volto as origens
a escrita incentivada pela tristeza
pelo pavor e pelo medo
volto pq sinto que toda vez que venho pra cá
é como se eu deixasse parte da minha angústia
nessas palavras que quase não domino mais
a vida é uma eterna batalha
e me sinto um guerreiro sem tropa
sem paramédicos
sem arqueiros para cobrir minha corrida
me sinto um soldado que
não está correndo por uma nação,
mas por apenas uma vida
minha própria sobrevivência
é uma guerra moderna
é a nova era das lutas
a luta interna
a luta mental
a luta árdua
e diária
a escrita incentivada pela tristeza
pelo pavor e pelo medo
volto pq sinto que toda vez que venho pra cá
é como se eu deixasse parte da minha angústia
nessas palavras que quase não domino mais
a vida é uma eterna batalha
e me sinto um guerreiro sem tropa
sem paramédicos
sem arqueiros para cobrir minha corrida
me sinto um soldado que
não está correndo por uma nação,
mas por apenas uma vida
minha própria sobrevivência
é uma guerra moderna
é a nova era das lutas
a luta interna
a luta mental
a luta árdua
e diária
Wednesday, August 06, 2014
Mariano
meu amor de Montevideo tinha os olhos azuis da cor do Rio del Plata em dias de sol,
e como o rio me passava paz e uma tranquilidade típica do povo uruguaio.
Quando escutava músicas das quais gostava não conseguia ficar em silêncio, assobiava, cantava e batucava, quebrava a monotonia do hostel.
E eu cantarolava baixinho junto com ele.
Quando o vi pela primeira vez meu coração já sinalizava que tínhamos algo em comum.
Nossas primeiras palavras foram sobre rock, sobre política e depois trocávamos peculiaridades sobre nossos países.
Ambos de esquerda, ambos otimistas, ambos sensíveis ao tambor negro.
Compartilhávamos do gosto pelo vinho e minha vontade era de prolongar por horas o Tannat que tomávamos juntos, a maneira como ele me olhava nos olhos enquanto contava suas histórias era hipnotizante.
Seu cabelo era castanho, com algumas ondulações que formavam pequenos cachos que caiam sobre sua nuca, queria morder aquela nuca, queria sentir seu cheiro.
Por um momento quis ser uruguaia, dividir a cuia e o mate com ele, conhecer seus pais e ouvir as histórias de sua mãe sobre sua prisão na época da ditadura.
Nos sentíamos atraídos um pelo outro, mas o que fazer?
Ele estava em seu local de trabalho e eu de malas prontas para voltar ao Brasil.
Com os braços bem abertos ele me enlaçou contra seu corpo,
pude sentir seu antebraço apertar minhas costelas,
pude sentir sua barba ir de encontro ao meu ombro,
com seguidos e apertados abraços nos despedimos.
Quando nos soltamos só conseguia olhar para seus olhos,
me afundar nesse rio de mistério,
queria guardar bem em minha memória aquele rosto que me cultivou.
Não sei se o verei novamente, mas sei que essa nova paixão de instantes pode esquentar meu peito nessas férias de inverno.
e como o rio me passava paz e uma tranquilidade típica do povo uruguaio.
Quando escutava músicas das quais gostava não conseguia ficar em silêncio, assobiava, cantava e batucava, quebrava a monotonia do hostel.
E eu cantarolava baixinho junto com ele.
Quando o vi pela primeira vez meu coração já sinalizava que tínhamos algo em comum.
Nossas primeiras palavras foram sobre rock, sobre política e depois trocávamos peculiaridades sobre nossos países.
Ambos de esquerda, ambos otimistas, ambos sensíveis ao tambor negro.
Compartilhávamos do gosto pelo vinho e minha vontade era de prolongar por horas o Tannat que tomávamos juntos, a maneira como ele me olhava nos olhos enquanto contava suas histórias era hipnotizante.
Seu cabelo era castanho, com algumas ondulações que formavam pequenos cachos que caiam sobre sua nuca, queria morder aquela nuca, queria sentir seu cheiro.
Por um momento quis ser uruguaia, dividir a cuia e o mate com ele, conhecer seus pais e ouvir as histórias de sua mãe sobre sua prisão na época da ditadura.
Nos sentíamos atraídos um pelo outro, mas o que fazer?
Ele estava em seu local de trabalho e eu de malas prontas para voltar ao Brasil.
Com os braços bem abertos ele me enlaçou contra seu corpo,
pude sentir seu antebraço apertar minhas costelas,
pude sentir sua barba ir de encontro ao meu ombro,
com seguidos e apertados abraços nos despedimos.
Quando nos soltamos só conseguia olhar para seus olhos,
me afundar nesse rio de mistério,
queria guardar bem em minha memória aquele rosto que me cultivou.
Não sei se o verei novamente, mas sei que essa nova paixão de instantes pode esquentar meu peito nessas férias de inverno.
Tuesday, July 15, 2014
querendo entender
digo que fiz tudo que pude,
digo que corri pra encontrar minha paz refletida no outro.
não encontrei paz nenhuma no outro
essa paz só depende de mim
quis que teu abraço suprisse a falta de calor do meu corpo
mas ele abriu feridas que eu havia esquecido
um novo amor eu pedi
um novo amor era o que eu queria
não sei por que engrandeço tanto essa palavra
conhecer alguém novo é mais simples do que eu pensava
e todos somos feitos de carne e osso
com nossos atrativos e defeitos
tenho muito o que aprender
tenho muito o o que descobrir
descansa esse coração, digo para mim mesma
preciso me preparar para uma nova viagem...
Wednesday, July 09, 2014
amor ilusório
é difícil aprender,
controlar as emoções,
os pêlos eriçados,
os sorrisos bobos,
as borboletas na barriga,
a falta de fome,
de concentração,
as vontades inesperadas de abraçar, beijar e morder.
cada palavra que ele pronuncia produz um efeito gigantesco no meu eu,
de imensa alegria e vastidão, a imensas dores e derrotas
deixo-me levar,
deixo-me flutuar nos resquicios do seu amor
tenho fé,
tenho esperança,
não me deixo abater,
não me deixo amargurar
de amor em amor,
conto com o peito estufado
quão vasta é minha sabedoria nesse assunto perplexo
mas meu coração pede calma,
pede repouso e colo
tento escuta-lo,
mas são tantas as ilusões....
controlar as emoções,
os pêlos eriçados,
os sorrisos bobos,
as borboletas na barriga,
a falta de fome,
de concentração,
as vontades inesperadas de abraçar, beijar e morder.
cada palavra que ele pronuncia produz um efeito gigantesco no meu eu,
de imensa alegria e vastidão, a imensas dores e derrotas
deixo-me levar,
deixo-me flutuar nos resquicios do seu amor
tenho fé,
tenho esperança,
não me deixo abater,
não me deixo amargurar
de amor em amor,
conto com o peito estufado
quão vasta é minha sabedoria nesse assunto perplexo
mas meu coração pede calma,
pede repouso e colo
tento escuta-lo,
mas são tantas as ilusões....
Tuesday, June 24, 2014
Miragem
atravessando as ruas amarelas
com os pensamentos distantes
eu nunca imaginaria que te encontraria naquela noite
estava no fim do meu último cigarro
a esperança e meu batom já tinham perdido a cor
os pés gelados
quando pedi minha taça de vinho
e vi você do outro lado do bar
acho que a pupila deve ter dilatado
o coração acelerado
sem explicação
50 caras dentro de um bar
e algo dentro de mim me atraía apenas para um deles
queria ter fotografado sua luz
queria desvendar todo mistério
na metade da taça,
eu desenvolvia estratégias para chamar sua atenção
a vergonha era minha inimiga
permaneci na cadeira admirando
o que me parecia intocável
distante
achava que era sonho
achava que era poesia
voltei para casa e
guardei você no meu imaginário
com os pensamentos distantes
eu nunca imaginaria que te encontraria naquela noite
estava no fim do meu último cigarro
a esperança e meu batom já tinham perdido a cor
os pés gelados
quando pedi minha taça de vinho
e vi você do outro lado do bar
acho que a pupila deve ter dilatado
o coração acelerado
sem explicação
50 caras dentro de um bar
e algo dentro de mim me atraía apenas para um deles
queria ter fotografado sua luz
queria desvendar todo mistério
na metade da taça,
eu desenvolvia estratégias para chamar sua atenção
a vergonha era minha inimiga
permaneci na cadeira admirando
o que me parecia intocável
distante
achava que era sonho
achava que era poesia
voltei para casa e
guardei você no meu imaginário
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