Monday, August 13, 2007

Querido Adevindo

Fazia tempo que não te declarava nada,
e no entanto já faz tempo que tu me escreves longas cartas.
As cartas tais, com letras cheias de olhares,
expressões cheias de adjetivos,
abraços com tantos verbos
e metáforas cheias de amor..
Era uma onomatopéia de confusões que nos fazia cair de rir
a beira da cama, do sofá e da mesa de jantar.
Em meio a muita ambigüidade gramatical nos deixamos levar,
chegamos ao clímax pelas anáforas de: eu te amo, eu te amo para sempre, eu te amo até não poder mais, eu te amarei até a morte me levar, até nos levar, até morrermos de tanto nos amar, até esquecer de vida por amar, até amar além da vida..
Não quero nenhuma aliteração, quero verdade em nossas vozes veladas, verões e violões, velocidade, vaidade, volúpia de volemia..
Quero bohemia, esquecer todo amor romantico,
quero deixar as hipérboles de lado!
Não meu caro amigo, não sofro de mal algum
não me encontro carente e nem mais descrente,
estou numa fase do neo-paradoxo velho,
de alguma antítese, onde todos amam, todos odeiam.
Sou fruto da nova geração.

Thursday, August 09, 2007

Sentimentos em Família

Primeiramente, venho cá me desculpar... O tempo vem sendo precioso, e logo por tal raríssimo adjetivo, mal o encontro, deve estar escondido perto do Monte Everest, logo lá, entre o Nepal e o Tibete, quem sabe mais perto ainda, se localizando nas rochas sedimentares do Grand Canyon nos Estados Unidos ou ao lado da bandeira da Rússia cravada no Pólo Norte. Enfim, se eu soubesse o paradeiro do tempo, logo estaria com um porrete nas mãos e faria dele meu escravo, num autoritarismo inescrupuloso. (dá uma risada diabólica moa-ha-ha). As desculpas, vem de lá para explicar, os meses em que não posto nada nesse blog, fato que, não condiz com a minha experiência de escrever, continuo, mas deixando linhas e linhas nos cadernos e em meu violão.

A passagem que agora lhes contarei, retrata minha enorme amargura como mulher, filha e neta. Para as pessoas que foram ao teatro ontem, e viram a peça Entardecer do grupo Dionisos de Joinville- SC, notaram bem os traços de três distintos idosos, ou nas palavras do personagem de Eduardo Campos: "velho não, agora deram para falar idoso.. mas eu sou velho mesmo, idoso é um velho arrumadinho". A peça foi encantadora, a platéia saiu do cineteatro acalentada com uma emoção inesperada que ocorre ao termino do espetáculo, e com doces lembranças de seus queridos vovós e vovôs. Lembranças essas que não as tenho. Um jeito de falar, uma maneira de andar e sentar, um sorriso, uma saudade, aquele amor de vô e neta. Em 1987, Vitor Lopes Portes morre de infarto, em 1994 Brás Corrêa Neto também morre, a causa dessa segunda não me recordo.. Quem cá escreve, nasce num outono de 1991, se vi o senhor Brás, os prematuros 3 primeiros anos de vida, não deixaram em minha mente essa recordação. Em 200o e poucos Marlene Bornemann morre, essa já cansada de uma vida de dependência que a atormentou por mais de 15 anos, sua vida era uma faca de dois gumes, se feria tão facilmente onde quer que ia e com o que fazia, a vontade de netos já gasta, com a vontade de viver já gasta, não reparava mais nos jantares em familia, nas palavras de carinho que a criançada dava, ela apenas deixava estar, como uma figurante apenas, com seus cigarros e suas cartas baralho. Quando eu era menor, adorava os pães e doces que minha vovó Marlene fazia, mas ela fazia para todos os primos e tios, nunca destinava um acalento particular, eu posso dizer que sinto falta até do que nunca ganhei, não era a comida (por mais gostosa que tenha sido) que me faltava, era apenas uma pequena adulação rotulada que "todo mundo diz" que os avós têm com para seus netos. Como todos, os avós são quatro, os dois casais, pais de nossos pais. A ultima personagem se chama Lili Corrêa Portes, que hoje em dia reside em Curitiba-Paraná com seus 84 anos, a mais ativa velhinha que conheço, não se cansa de viajar para sempre visitar seus 8 filhos, trocentos netos, e tantos mais bisnetos... Como podem observar a disputa pelo colo de minha vó é grande, quem hoje rouba a cena nos encontros com a dona Lili é a bela Maria Eduarda, nossa Duda, minha sobrinha de 1 ano e meio; sem contar que a distância e a má localização da casa de minha vó dificulta as visitas. Nisso me vi carente desses afetos, e voltando a peça, pelos fatos a cima, as recordações que muitos gozaram de observar, onde em muitas vezes eram parecidas com de seus avôs, de nada sei.. de nada eu poderia saber.. Mas irei me conservar, para assim meus netos terem essas lembranças: " A minha vovó Vane era toda batuta, fazia doces gostosos, ouvia e dançava rock`n`roll mesmo com seus 70 anos, Papai jurava que quando ele era novo, assim com seus 18 anos, muito amigo dele falava que a vovó era gostosa e queria traçar... mas Papai logo se enfezava, e os amigos mudavam de assunto.. "

e assim vai... hahaha