Friday, May 23, 2008

Rodas da Vida

Que mulata mais quente!

Veja os olhos de nossa gente

Parece até dia de enchente

Saem de suas casas com jeito descrente


Essa mulata é da vida

Uma podre de uma vadia

Tão pobre, ainda sorria

Buscando uma vida de harmonia


Ela quer mudar seu destino

Canto para ela e não desafino,

A mulata tem coragem, tem ritmo.


Mas o grande preconceito ganha assento

Não mais escrava, se perde num momento

Na casa de Deus não encontrou seu convento

Morreu sozinha, em busca do isolamento.

Tuesday, April 22, 2008

Loucuras de um Vazio

Encontrei-me num silêncio, ele me visitava.

Era um antigo amigo que decifrava meus sonhos.

Eu gostava de suas carícias geladas,

cada vez que pegava em minha mão sentia que congelávamos.

Assim o tempo também se esfriava, tornara-se preguiçoso,

parava de trabalhar ou trabalhava devagar.

Falávamos do Iluminismo, ele então ficou mudo

"O silêncio não deve se manifestar"; disse após longa pausa

-"O silêncio grita comigo certas vezes,

emite sons horripilantes ou canta. É mágico!"; falei sem pensar.

"A maioria não gosta de minha nostalgia" (pausa)

-"A maioria não te entende!!" (terminei num silêncio)

Monday, February 11, 2008

O Menino e o Vento

Meu garoto foi correndo
quem o desafiara era o vento.
Eu de pé vibrava torcendo,
para que ganhasse o julgamento

Com os pássaros sorria a sua gentil maneira,
Assim eu disse: "Corra e vem me buscar!"
O vento então se encheu de areia,
ofuscando os olhos de meu doce que se pôs a chorar

Fiquei em minha masmorra aos prantos,
esperando qualquer movimento.
Agora muito a frente estava o vento,
quando parou a corrida gerando espantos!

O Nobre Vento percebeu o nosso amor,
não mais faria a separação das duas almas
Do dia nublado resplendeu o fulgor
e o Sol em paz brilhava nas marés calmas..

Thursday, January 03, 2008

Relógio de Bolso


Esperando sentado, sois obediente.
Permanecendo autista, sois paciente.
Mas se dessas virtudes sois estranho?
Não querendo delas desfrutar?
Grito então, sozinho, à beira de um abismo,
grito até minhas cordas alcançarem infinitas notas
e assim perderem partes de suas veias, se dissipando.
Não escuto eco, não escuto a voz que sai de minhas entranhas,
me percebo morto e vazio,
tão solitário como um corvo
e tão sujo como um abutre.

Esse lugar, essa areia e esse luar
são tão desconhecidos, como você e sua alma.
De longe escuto um tic tac,
ponteiros de um relógio deficiente que me incomoda.
Sinto-lhe em meu ventre, tic tac
o enjôo e a tontura se despertam, tic tac
o calor é insuportável e minha pressão baixa
pede por minutos de sonhos, tic tac
não quero dormir,
não quero alimentar as fantasias tão subversivas
e incompreensíveis que vejo de olhos fechados.
Um gato preto cruza minha frente, 7 anos de azar,
minhas costas ardem, ardem como nunca vi antes!
E das dores nasce um milagre! Asas!
Asas meu irmão, Asas nas costas que minha mãe tanto cuidou.
Asas brancas, feito anjo. Talhadas pela esperança!
Como há de serem talhados meus frutos.
Quero que seja belo, belo como nunca fui..
na gratidão que seja humilde,
no desespero que tenha coragem!
Que meu pequeno ame todas as sinfonias assim como eu as amo.
Com minhas próprias mãos construirei uma ponte,
essa nos levará ao mais sublime e fictício mundo da felicidade,
não sei seu paradeiro, nem sua existência..
mas o farei, para mim e quem mais quiser!

Linda dança, lindo par!


Ele sabia, sabia como uma águia velha ou como um cachorro resmungão. Mesmo com toda sua astúcia misturada à jovialidade de pouca percepção.
Ele sabia a quem minhas palavras se destinavam,
eu o usava como fonte de inspiração sem me preocupar,
era disso que ele gostava, gostava do meu jeito diabólico de ser...

O amei por ser ele como ele é, roupas, poesias e seu charme boêmio. Aos poucos vou conhecendo esse meu querido amigo,
na certeza que era sempre nessa situação que o quis
um amigo que me abraça e me dá beijos sinceros...
Que ao me dizer verdades me deu um tapa na cara ao mesmo tempo que abriu os olhos..

Te digo que minha essência permanece em escrever, então não ligue pobre leitor, se de uma simples conversa eu tiro e faço sem piedade, um drama, um romance como Os Irmãos Karamazov de Dostoievski, até 700 páginas!!! Se não fossem quatro horas da manhã e não tivesse que acordar cedo para mais um dia de trabalho, mais um dia da labuta que me distrai e me coagula..

Eu escreveria as desventuras que tenho a todo momento, a todo vapor, nessa roda vida!

Ó tempo, quem és tu???