Monday, August 13, 2007

Querido Adevindo

Fazia tempo que não te declarava nada,
e no entanto já faz tempo que tu me escreves longas cartas.
As cartas tais, com letras cheias de olhares,
expressões cheias de adjetivos,
abraços com tantos verbos
e metáforas cheias de amor..
Era uma onomatopéia de confusões que nos fazia cair de rir
a beira da cama, do sofá e da mesa de jantar.
Em meio a muita ambigüidade gramatical nos deixamos levar,
chegamos ao clímax pelas anáforas de: eu te amo, eu te amo para sempre, eu te amo até não poder mais, eu te amarei até a morte me levar, até nos levar, até morrermos de tanto nos amar, até esquecer de vida por amar, até amar além da vida..
Não quero nenhuma aliteração, quero verdade em nossas vozes veladas, verões e violões, velocidade, vaidade, volúpia de volemia..
Quero bohemia, esquecer todo amor romantico,
quero deixar as hipérboles de lado!
Não meu caro amigo, não sofro de mal algum
não me encontro carente e nem mais descrente,
estou numa fase do neo-paradoxo velho,
de alguma antítese, onde todos amam, todos odeiam.
Sou fruto da nova geração.

5 comments:

said...

sou apaixonada pelo o que escreve, as suas poesias em especial.
Acho que esta obra seria uma das minhas favoritas. Fantástica!

Marco Aurélio said...

Adevindo é bobo apaixonado - existe algum apaixonado que não fica bobo? - e as frases, que, muitas vezes sem verdade, são ditas na boca dos tais, são frutos de uma vontade efêmera de se entregar à alguém. Quando essa vontade passa, você passa a querer mais verdade e menos romantismo, é assim mesmo. Mas a nova geração também tem seus Adevindos, seus loucos de amor... Sorte de quem consegue por o pé no chão e sentir mais prazer em um "Gosto muito de você, e quero aproveitar enquanto sinto vontade de estar junto" do que em algo do tipo "Eu te amo eternamente".
ótimo mesmo, adorei

said...

repito a sua pergunta: e quem disse que a loucura é um mau?

Sujeito da camisa listrada said...

Geração por geração, cada uma já foi a nova e já teve os paradoxos de sempre. E sempre se acaba achando mais fácil jogar cartas no chão que fazer um castelo com elas, mas enfim, cada um com seu baralho.

Anonymous said...

Bah!