Wednesday, July 18, 2007

cinza-Tarde-cinza

Em seu relógio as horas eram poucas
eu pensava no verão mas era inverno
A ameaça da chuva calava as bocas
e o vento queimava como no inferno

Reguei meu pomar com toda devoção
aquele de laranjas e limões
mas o frio veio com uma inquietação
matando meus frutos sem explicações

Não colhi mais cor nenhuma, Não sorri de graça alguma!

"Os dias úteis cada vez mais inúteis"
esse é o estranho olhar que venho dando a vida,
à toda forma desconfigurada dos fúteis
no matrimônio da inteligência fingida

Meu amigo Freud, tanto me disse
para deixar de lado essa dor que me segue,
que para o caminho da arte eu fugisse
e não há o que eu negue.

O que me dói transparece..

[detesto o cinza!]

Isso é coisa que acontece..

[o que tem o cinza?]

Logo a gente esquece!

4 comments:

Marco Aurélio said...

Toda cor tem seu valor, e todo dia a sua beleza. Um dia cinza pode ser tão ou mais bonito que um dia de cor viva. Depende só de quem compartilha a sua harmonia, e de quem passa o tempo ao seu lado, mesmo que seja calado, mas fica ao seu lado.

Anonymous said...

O cinza deriva da mistura do preto e do branco, mas também, deriva de tudo aquilo que um dia fora vivo, intenso ou aprazível e agora esvaece em absurdos, lamúrias e prantos. Tantas almas são hoje cinzas pelos fogos piromaníacos de lunáticos e conquistadores. Na natureza nada se cria nada se perde, tudo se transforma...disse uma vez uma maluco que só enxergava em preto e branco.
"Há um Hippie bem no meu portão, no meu portão, no meu portão..."

Sujeito da camisa listrada said...

Fases e fases...

O cinza deriva também da mistura de duas quaisquer cores complementares do círculo cromáticos assim como é o meio termo entre o caminho de uma a outra; então, numa dessa, Vanessa está a cruzar uma ponte entre opostos. Ou senão apenas cansou das cores das formas futeis e da inteligencia fingida...

Bulgarian Child said...

Pior que o cinza são as cinzas.
Restos de uma combustão

As vezes meu corpo entra em combustão
Queima tudo e no fim ficam as cinzas
Fica o pó pra me lembrar que existiu a chama
E pra lembrar que a chama viva não é eterna, por isso queimo enquanto é tempo.